Sei uma coisa sobre o ego…ele não gosta de olhar para dentro, não suporta o silêncio. Tenho me debruçado muito sobre o entendimento do ego, do meu é claro, muito briguento, conflituoso, sempre na defesa, se desculpando, mergulhando em águas sombrias onde vive se afogando e correndo em labirintos cercado de sombras.
Fica dificil viver em paz, se permitir estar em paz, vivendo assim, possuida por esta reatividade, esta dualidade compulsiva, enquanto minha essencia minha centelha quer se expandir, impossibilitada pelo ego que se impõe. Mas eu sei que é preciso ter paciência consigo mesmo neste caminho de autoconhecimento, onde observador e observado, o yin e yang dançam esta dança, em busca do equílibrio. Assim entre muitas e profundas reflexões, de percorrer tantos caminhos, distimias e desculpas, encontrei lá no fundo, no mais escuro da tristeza e da negação, a raiz de tudo, encontrei o medo, encolhido, escondido, travestido de guerra, batalhas, gritos, agressões, inveja, confronto, sentimentos de inferioridade, rejeição, ambição, vaidade, o medo agarrado no sentimento de posse e gritos de guerras, temendo desesperadamente a perda. Lembrei do que Buda falou,”Quanto maior a armadura mais fragil é o ser que a habita” e assim eu consegui encarar o ego, meu ego frágil, infantil, perdido, mascarado de bicho papão, mas completamente dependente do que existe fora de si mesmo para sobreviver e manter a ilusão de ter o controle e o poder.
E nesta investigação profunda, cara a cara com o medo, o ego encontra-se desnudo? o que fica a não ser este momento Agora, onde a presença reluz, numa calma sem eco, sem burburinho, o que fica a não ser o silencio, a consciencia…. o que resta enfim, o eu sou, o tudo ou o nada?
Mariangela Barreto